quarta-feira, 30 de junho de 2010

NYC

Sinto fome. É tanta que pode resultar em indigestão. Mas estamos todos remediados por aqui. Tem uma aspirina na gaveta, fique a vontade.
Devoramos tudo o que vimos, e não há nisso um motivo para se envergonhar. Vergonha é pedir "pra viagem" e não dar conta do recado. É olho grande.
No meu caso, comi tudo na hora, mas deixei para contar depois. Minhas irmãs me repreendiam quando falava com a boca cheia. É falta de educação, e por isso estou em falta.
Não me passava pela garganta, mas agora já estou digerindo. Eu não engulo! Um prato como esse merece o respeito de ser degustado.
Como não sair atordoado de um baquete como esse? Eu vim da mesa farta da casa, mas esses pratos são novos pra mim. As vezes não soube manusear os talheres, mas olhei para o lado discretamente e ví como se faz. Eu fui sozinho, mas logo me enturmei, simpatizaram comigo, e eu com eles. Era tanta novidade que as vezes nem molhei o bico. Matei a sede na saliva, e pensei: Agora eu piro de vez.
No fim, talheres e mãos já eram a mesma coisa, e tive que comer rápido, o estabelecimento tinha hora para fechar. Pra mim, mas continua abrindo para outros. É que eu esgotei a minha cota por hora. Mas ganhei uma advertencia de volte sempre. Temos muito ainda por lhe dizer. Digo: Temos muitos pratos suculentos para você. Finjo: Eu nunca vou desobedecer o chef. Amigo: Eu dei meu parecer. Breve: Conto todos os detalhes para você. Leve: Contigo saudosos retratos. Segue: O que te inspira no traço de um Picasso. Bebe: Em um gole a sede que te devora depois de matar esse prato. Por tudo que há de sagrado: Fica aqui o meu recado. Volte. Se apresse, a cidade te reserva um bocado.

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